giovedì, marzo 18, 2004

SENSAÇÕES ESTRANHAS

Saí pra ir à dentista. No caminho, parei numa loja comprar uns CDs pra gravação. Só que a loja é meio clandestina, pois não passa de uma casa num bairro residencial. Toquei a campainha e, enquanto aguardava me atenderem pelo interfone, aproximou-se um moço loiro, todo sujo, com a roupa surrada. Chegou dizendo se podia falar um instantinho comigo. Dei atenção, mas minha vontade era que abrissem logo o portão pra que eu entrasse. Então ele justificou rapidamente, com aquelas ladainhas de sempre que, confesso, não prestei muita ateção, sobre a razão de estar pedindo. O que ele pediu? Um tênis, um sapato, algo do tipo. Foi aí que me lembrei que eu estava calçando exatamente o meu tênis de academia, que paguei o olho da cara; e assim que respondi que não tinha como ajudá-lo, percebi que ele fitava meus pés. Meu coração acelerou. Ele se foi, ainda olhando, e eu, tentando demonstrar naturalidade, toquei a campainha mais um vez, num ato de desespero. Abriram. Entrei. Sã e salva. Pelo menos naquele instante.

Tá. Isso foi pra eu me lembrar que nunca devo esquecer de não colocar tênis pra sair por aí, mesmo que seja o primeiro calçado que eu vir na frente e, por praticidade, seja tentada a usá-lo. Nunca gostei de tênis mesmo. E agora tenho mais uma razão para tal.

...
Esses dias estou me sentindo um fracasso em pessoa. Analisando friamente, eu não sou nada na vida. Também não tenho nada. Posso dizer que o único bem que tenho, que é meu de verdade, é um piano. Piano este que nem terminei de pagar.
Profissão? Ah... nem pergunte. Não sirvo nem pra ser motorista. Sou um fiasco pra andar na cidade. Não porque dirijo mal, mas porque nunca sei o caminho. Só sei o caminho dos burros, aquele em que a gente passa todo santo dia, ou pelo menos toda semana. Não sei nem 10% dos nomes das ruas dessa cidade. Isso porque nasci aqui. E não é que eu não queira. É porque não consigo lembrar mesmo. Acho que tenho que andar com um mapa da minha própria cidade no porta-luvas do carro. De preferência um que tenha o sentido das mãos de direção. Oh! Fracasso!
Isso não é tudo. É apenas um detalhe de um conjunto de fatores...

A única coisa que peço é: Senhor, não desista de mim, porque Tu és o único tesouro que tenho nessa vida. Pena que este tesouro não seja valorizado pela maioria das pessoas.

Perdoem-me o desabafo. Não, não quero conversar a respeito. Só quero deixar essas linhas tortas de um pensamento torto.

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