A Vida Como a Gente Pinta

A tal casinha...

Eu era apenas um cisquinho, mas já atravessava a rua correndo e ia lá no quintal da tia Lena comer pitangas e brincar na casinha (casona!) de bonecas.
Não me lembro muito bem da casa da tia Lena. Lembro que tinha uma sala grande, com uma televisão grande, e o vô (meu bisavô, na realidade) ficava no cantinho da sala, fumando seu cigarro de palha. Ah, na certa o quintal era mais atraente. Era um tremendo matagal aquilo, mas eu só me lembro de comer pitangas. Pode ser que a sala nem fosse tão grande, e o quintal nem fosse um matagal mas, para aqueles olhinhos pititicos, eram.
E a casa de bonecas! Como era bom brincar lá. Queria tanto uma pra mim, que fosse só minha e eu pudesse arrumar do meu jeitinho. Nunca tive. Mas também nunca deixei de sonhar com a tal casinha de bonecas, agora, de gente grande. Que tivesse a minha cara. Que tivesse grama, arbustos floridos e árvores no quintal. Sonhando demais? Vá lá... que tivesse ao menos um quintal, onde eu pudesse me sentar, olhar para o alto e ficar observando as formas das nuvens e o brilho das estrelas. [Deus é mesmo perfeito, não?]

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