giovedì, febbraio 14, 2008

Desperdício

“Estando ele em Betânia, reclinado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosíssimo perfume de nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus... Jesus disse: Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua.” (Mc 14:3, 6, 9)

“Indignaram-se alguns entre si e diziam: Para que este desperdício de bálsamo? Porque este perfume poderia ser vendido por mais de trezentos denários e dar-se aos pobres. E murmuravam contra ela.” (Mc 14:4-5). Estas palavras nos levam àquilo que, segundo creio, está implícito na palavra “desperdício”, e que o Senhor quer que consideremos.
O que é desperdício? Desperdício significa, entre outras coisas, dar mais do que é necessário. Se bastam quatro cruzeiros e nós damos oitenta, isso é desperdício. Se bastam duzentos e cinqüenta gramas, e nós damos um quilo, também é desperdício. Se bastam três dias para acabar uma tarefa, e nós levamos cinco dias ou uma semana para realizá-la, é mais um tipo de desperdício. Desperdício é dar algo demasiado por alguma coisa de reduzida importância. Se alguém recebe mais do que aquilo que se considera ser o valor em pauta, isso é desperdício.
Aqui, porém, estamos tratando de algo que o Senhor queria que fosse proclamado juntamente com o Evangelho, como se a pregação do Evangelho resultasse em algo muito semelhante àquilo que Maria fez: Que as pessoas se cheguem a Ele e se desperdicem por amor dEle. É este o resultado que Ele procura alcançar.
(...) Todos os doze [discípulos] pensaram que era um desperdício. Para Judas, evidentemente, que nunca chamou a Jesus “Senhor”, tudo quanto fosse derramado sobre Ele representaria um desperdício. Não somente o ungüento, como também a própria água teria sido um desperdício. Neste aspecto, Judas representa o mundo. Na estimativa do mundo, o serviço ao Senhor e a entrega de nós mesmos a Ele, para o Seu serviço, é um desperdício completo. Ele nunca foi amado, nunca teve lugar nos corações do mundo, de modo que qualquer coisa dada a Ele é um desperdício. Muitos dizem: “Fulano poderia ser de grande valor no mundo, se não fosse crente”. Se um homem tem algum talento natural, ou qualquer outra vantagem aos olhos do mundo, consideram ser uma vergonha para ele, estar servindo ao Senhor. Pensam que tais pessoas são realmente demasiadamente boas para o Senhor. “Que desperdício de uma vida tão útil” – dizem.
Vou apresentar um exemplo pessoal. Em 1929 regressava de Xangai à cidade onde residia, Foochow. Certo dia caminhava ao longo da rua com uma bengala, muito fraco e com a minha saúde abalada, e encontrei-me com um dos velhos professores da escola. Ele me levou a um salão de chá onde nos sentamos. Olhou para mim, da cabeça aos pés e dos pés à cabeça, e depois me disse: “Olhe, enquanto você estava no colégio, tínhamos as melhores esperanças para você, pensando que você realizaria algo de grandioso. Será realmente isto, o que você veio a ser agora?” Olhando para mim, com os seus olhos penetrantes, fez esta pergunta direta. Devo confessar que, ao ouvi-lo, o meu primeiro desejo foi o de me desfazer em lágrimas. A minha carreira, a minha saúde, tudo se fora, tudo se perdera, e aqui estava o meu velho professor, que me ensinava direito na escola, perguntando: “Ainda se encontra nestas condições, sem êxito, sem progresso, sem qualquer coisa que possa mostrar?”
Mas naquele mesmo momento – e tenho que reconhecer que foi a primeira vez em toda a minha vida que isto aconteceu – conheci realmente o que significa ter o “Espírito da glória” repousando sobre mim. Só pensar que eu pudesse derramar a minha vida por amor do meu Senhor inundou a minha alma de glória. Nada menos do que o próprio Espírito da glória pairava então sobre mim. Pude olhar para cima e, sem reservas, dizer: “Senhor, eu louvo o Teu nome! Isto é a melhor coisa possível; é a carreira acertada que eu escolhi!”. Ao meu professor parecia desperdício total eu dedicar a minha vida ao serviço do Senhor; mas é justamente isto que o Evangelho faz – nos leva a avaliar de maneira certa o valor do nosso Senhor.
(...) Se o Senhor é digno, como pode isso ser um desperdício? Ele é digno de ser servido desta maneira. Ele é digno de que eu seja Seu prisioneiro. Ele é digno de que eu viva somente para Ele. O que o mundo diz a respeito não importa, porque Ele é digno. (...) Uma vez que os nossos olhos tenham sido abertos para o real valor do nosso Senhor Jesus, coisa alguma será boa demais para Ele.

[Watchman Nee, A Vida Cristã Normal]

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