martedì, gennaio 02, 2018

Considerações acerca da deficiência física

Meu marido é lesado medular desde os seus 13 anos. Ele não é nem paraplégico nem tetraplégico. Ele é tetraparésico. Isso significa que os movimentos foram afetados, do pescoço para baixo, mas não houve a perda total de movimentos. Ele não anda, não tem força suficiente nas pernas. A força dos braços também é limitada e os movimentos das mãos comprometidos em partes.
Mas pense numa pessoa feliz. Meu marido é a pessoa mais feliz que eu conheço. Com isso talvez você idealize uma pessoa faladeira, extrovertida e com sorriso no rosto 24 horas por dia. Mas não. Ele é uma pessoa que fala pouco, é um excelente ouvinte e sim, ele é sorridente, mas não fica sorrindo o tempo todo. Mas ele é feliz. Ele aproveita as oportunidades que tem. Ele não fica se comparando com os outros e lamentando sua deficiência e limitação. Ele é feliz com o que ele tem e com o que ele consegue fazer.

As pessoas em geral, que não tem convivência próxima com um cadeirante, caem em um de dois extremos:
1. Acham que um cadeirante pode fazer tudo, não há limites pois hoje existem facilidades e leis que permitem isso. Ledo engano. Primeiro porque cada deficiente tem sua particularidade, e o que é dificuldade para um, pode não ser para outro. O que um faz com facilidade, o outro pode ter muita dificuldade. Então não dá pra generalizar.
2. Acham que um cadeirante tem muitas limitações e por isso definem por si mesmos o que ele pode e não pode fazer. Combinam um passeio e deixam ele de fora porque supõem que ele não tem como ir por tais e tais razões. Não perguntam, não conversam, decidem por ele.

Por isso eu digo que meu marido é feliz. Porque ele se satisfaz com o que, para nós que podemos fazer tudo, é corriqueiro e sem graça. Não passa pela cabeça das pessoas que ele fica feliz em participar mesmo que não seja possível fazer todos os passeios. Ele fica feliz em conhecer novos lugares, ver estradas diferentes, pessoas diferentes, respirar ares diferentes, mesmo que ele não possa escalar uma montanha, por exemplo. Ele não fica triste por ter de ficar no hotel enquanto os demais vão fazer um passeio radical onde a cadeira de rodas não tem acesso. Pelo contrário, ele fica feliz por estar lá. Ele aproveita as oportunidades que tem, e é feliz assim.

Meu marido é a pessoa mais feliz que eu conheço.

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